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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Uma Tarde de Amor


Nem uma palavra dita foi dita até aquele dia.

Eu estava apenas fervendo a água com duas colheres de açúcar para o homem que eu amava, nós éramos amantes e amigos, desde a escola, ele era o homem mais lindo e maravilhoso que eu já havia conhecido, ele me falava coisas bonitas, eu o adorava.

Ele soltava um assobio agudo e suave, ele estava sentado num sofá desconfortável e marrom.
Ele estava cara a cara com seus sentimentos por mim.

Eu me concentrei olhando para a água que borbulhava e disse. “Eu te amo”.

"Quando?". Ele perguntou.

“Qualquer momento”.

"Onde?". Ele perguntou.

“Em qualquer lugar”.

"E aqui? Agora?". Ele me desafiou.

“Sim”.

Ele ergueu as sobrancelhas e olhou para o teto enquanto suspirava.

Água quente começava á evaporar, e coloquei os saquinhos de chá chinês, que tornaram a água escura, o cheiro era suave. Eu estava um pouco desconfortável com ele no sofá. Eu fui até ele e lhe dei uma xícara de chá.

Ele bebia o chá olhando para o teto, e perguntou se eu faria tudo por ele.

“Sim”. Eu disse engolindo a saliva, eu estava ansiosa.

Ele sorriu e disse que eu era sua melhor AMIGA. O tempo passou e estas palavras não saiam dos meus ouvidos. Eu era apenas sua AMIGA. Suas palavras soaram como se ele estivesse mastigando meu ouvido, meu cérebro, meus nervos, minhas veias, isso inundou o meu sangue e meu coração.

“Você é meu melhor amigo também, só um amigo”. Senti meu rosto esquentar, e segurei minha vontade de chorar. Agora eu sabia como o amor dói. E ele também saberia.

Minha voz ecoou mais forte do que deveria.

Ele havia bebido todo o chá, eu senti um prazer anormal quando ele tomou a ultima gota.

Seus olhos começaram á se fechar, seu rosto começou a suar...

Em cima da mesinha de centro havia um carretel de linha e uma agulha grossa, eu á olhei como se ela fosse uma velha amiga, e era.

Ele estava falando o quanto me adorava, ele falava sobre o sabor de meus lábios, enquanto passava a mão suada por minhas coxas, ele dizia o quanto gostava de nossa amizade, e de nossa liberdade, eu não podia imaginar de onde vinha tanta imaginação, eu estava encantada.

Mas ele falava demais, as palavras não paravam de sair, eu olhei em seus olhos e beijei a ponta de seu nariz enquanto sentava em seu colo. Quando eu vi a agulha já estava em minhas mãos, e eu a aproximava daqueles lábios doces, ele era tão bonito.

Eu comecei a costurar sua boca enquanto as suas palavras cheias de amor tentavam sair, ele me perguntou então. “Isso é real? Você me ama”.

“Sim eu amo”.

Eu costurei seus lábios doces e amargos e depois fizemos amor durante a tarde toda. Pelo menos eu fiz, eu me lembro.

Mas eu tenho quase certeza de que aquele chá era...Chá de Cogumelo.

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