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domingo, 21 de julho de 2013

A Aranha Australiana


Andrea e Juan desfrutavam de uma maravilhosa lua de mel, nas paradisíacas praias da Austrália. Estavam em um complexo turístico exclusivo, com praias de areia branca, águas cristalinas e a poucos metros de uma floresta. Era um dos poucos luxos que haviam se permitido após o casamento, pois nesses tempos de crise, tinham que se cuidar para não exagerar nos gastos. Os pais dela tinham insistido e assumido mais da metade do preço daviagem, o que motivou o casal a se aventurar e realizar o sonho de viajar para a Austrália e desfrutar daquelas que seriam as melhores férias de suas vidas.

Os dias passavam rápido, como sempre acontece quando alguém se diverte, e não poderiam ter imaginado um lugar melhor. A “pulseirinha” que haviam contratado com o pacote do alojamento, lhes dava direito a comer, beber e entrar em várias festas totalmente grátis. Era um sonho realizado, que dentro de pouco tempo acabaria, para eles despertarem e voltarem à suas monótonas rotinas de trabalho.


Quando faltavam apenas dois dias para a viagem de volta, conheceram um guia local, que prometeu leva-los a uma cascata que poucos turistas chegaram a conhecer. A viagem não era muito comprida, mas teriam que entrar na floresta a pé, uma caminhada de uns vinte minutos cruzando a frondosa selva. Na manhã seguinte, saíram com o guia, que, com um machete na mão, abria caminho pela mata. A vegetação exótica deixou os recém-casados maravilhados.

Entretanto, nem tudo era lindo. Os mosquitos eram muito insistentes, e até com o corpo banhado em repelente, sempre havia algum suficientemente voraz para atrever-se a picar. O guia lhes ofereceu uma pomada feita de plantas nativas, que foi muito mais efetiva que o repelente de farmácia. Nenhum inseto os incomodou depois que a usaram.

Ao chegar na cascata, Andrea e Juan ficaram abismados com a beleza do lugar, uma pequena lagoa com a água mais limpa que já haviam visto, era adornada por uma queda d’água de uns quatro metros de altura. O canto dos pássaros, a selva em volta deles e o céu azul mais intenso que poderiam ter visto... Era o mais perto do paraíso que já haviam chegado.

O guia lhes disse que voltaria em algumas horas, lhes aconselhou que não se distanciassem do lugar, pois a selva poderia ser muito perigosa e era muito fácil se perder. Não queria incomodá-los em seu último dia de lua-de-mel e, a verdade é que eles também preferiam ficar sozinhos. Largaram suas toalhas e bolsas e começaram a brincar na água, nadavam e se beijavam, sabendo que, provavelmente, seria a última vez que estariam em um lugar como esse.

Meia hora depois, cansados da água, decidiram comer e descansar sobre as toalhas. Quase sem se dar conta, Andrea adormeceu, mas logo despertou do sono com uma forte fincada em seu pescoço. Assustada, deu um tapa na região e jogou para longe um animal escuro que rapidamente se escondeu na vegetação, sem que ela tivesse tempo de ver o que era.

Juan examinou a esposa e viu uma pequena marca vermelha na zona da picada. Passou novamente a pomada que o guia havia lhes dado. Havia sido um descuido não terem se protegido dos insetos após o banho.
Depois de um tempo, já haviam esquecido o assunto, pois a picada não incomodou por muito tempo, e logo chegou o guia para leva-los de volta. Lhes mostrou alguns lugares bonitos que haviam por perto e lhes acompanhou ao hotel, onde entristecidos, começaram a arrumar as malas.

No dia seguinte, com muita tristeza, embarcaram para casa. Uma viagem de avião comprida e cansativa. No aeroporto, as famílias de ambos lhes esperavam para um jantar na casa dos recém-casados, onde foi contado tudo sobre a viagem e mostradas fotos.

Andrea sentia um leve formigamento no lugar da picada, mas foi uma semana depois que começou a complicar. O local inchou e virou um hematoma escuro. O formigamento se converteu em dor, e quase não podia tocar aquela zona, pois começava a latejar.

Juan levou sua mulher ao médico, que lhes disse que Andrea estava com uma forte infecção. Avisou à enfermeira para que trouxesse seu material cirúrgico e lhes explicou que seria preciso uma pequena incisão, para deixar que o pus saísse e começar a tratar a zona. Também teria que tomar antibióticos por, pelo menos, sete dias.

Andrea era muito medrosa, e a ideia de que iriam cortar seu pescoço com um bisturi lhe dava pavor. Contudo, foi uma frase do médico que a deixou paralisada: “Se não ficar imóvel, corre o risco de que eu corte sua jugular.” Paralisada de medo, sentiu quando o médico começou a cortar a zona.
Mas um imprevisto aconteceu.

O médico saltou para trás ao terminar o corte, aterrorizado.
Andrea sentia o sangue deslizar pelo seu pescoço, mas havia algo mais, podia sentir que algo parecia subir até a boca. Como é possível que o sangue subisse e se estendesse por todo seu pescoço até sua nuca? Por que o médico não se aproximava?

Segundos depois, a enfermeira entrou novamente na sala. Havia saído a pedido do médico, para trazer mais gases. Ao olhar para Andrea, começou a gritar desesperada e saiu da sala correndo, deixando com que a porta batesse fortemente.

Andrea levou a mão ao pescoço e pode notar que, o que ela pensava ser sangue, subia em seus dedos. Ao olhar para sua mão, entrou em choque e logo depois caiu desmaiada.
Dezenas de pequenas aranhas, sujas de sangue e pus, se moviam desesperadas entre seus dedos, e muitas mais escapavam pelo corte recém aberto em seu pescoço.


Às vezes você sente uma coceirinha esquisita durante a noite? Cuidado...

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