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terça-feira, 3 de setembro de 2013

Tulpa (creepypasta)

 Como prometido, um post maior \o/ mas desculpem, não achei nenhuma foto decente do Tulpa, apenas cenas pornográficas bem excitantes por sinal =p Mas o que importa é que fiz um post decente U.U





No ano passado, participei durante seis meses de um experimento psicológico . Eu encontrei a oportunidade em um anuncio do jornal e, como estava sem dinheiro, prontamente liguei para o número indicado. Eles disseram que tudo que eu teria que fazer era ficar sozinho em um quarto, visualizando um outro eu, com aparelhos monitorando minha cabeça. Eles chamaram esse outro eu de Tulpa. 

Parecia fácil, e como disse anteriormente, eu seria pago. No dia seguinte à ligação o experimento começou. Eles me levaram para um quarto simples, me fizeram deitar numa cama e conectaram sensores em minha cabeça, que eram ligados em uma pequena caixa preta ao lado da cama. Explicaram que, caso eu ficasse entediado ou inquieto, no lugar de me movimentar deveria visualizar meu movimento no Tulpa, ou tentar interagir com ele. 

Durante os primeiros cinco dias tive alguns problemas, era algo muito controlado. Conseguia imaginar o Tulpa por alguns minutos, mas em seguida ficava distraído. Porém, no sexto dia, consegui mantê-lo comigo durante as seis horas em que permaneci no quarto, me disseram que eu estava indo muito bem.



Na segunda semana fui levado para um quarto diferente, com alto-falantes nas paredes, e me disseram que queriam ver se eu ainda era capaz de manter o Tulpa presente apesar das distrações. A música era discordante, um ruído feio e inquietante, o que tornou o processo mais difícil, mas eu consegui. 
Na semana seguinte, a música ficou ainda pior, com gritos, loops de feedback seguidos por vozes guturais falando alguma língua estrangeira.

Depois de um mês, comecei a ficar entediado. Para animar as coisas passei a interagir com meu sósia: conversávamos, jogávamos pedra papel tesoura e eu o imaginava fazendo malabarismo, break-dancing ou o que minha imaginação mandava. Os pesquisadores me incentivaram.

Estávamos nos tocando, nos comunicando, até que ele ficou um pouco estranho. Eu o contei sobre meu primeiro encontro e ele me corrigiu, dizendo que a garota vestia um top amarelo (eu havia dito verde). Por um segundo pensei sobre o que ele disse e assustei-me ao perceber que ele tinha razão. Ele me assustou, e depois de meu turno fui conversar com os pesquisadores. "Você está usando seu Tulpa para acessar seu subconsciente", disseram. "Você sabia, bem no fundo de sua mente, que estava errado, então o Tulpa o corrigiu."

De assustador aquilo passou para legal. Eu estava conversando com meu subconsciente! Após um pouco de prática, achei que poderia questionar meu Tulpa e acessar todas minhas memórias, fazê-lo citar páginas de livros que li durante a infância. Foi incrível! Logo, passei a visualiza-lo fora do centro de pesquisa sempre que estava entediado, em pouco tempo passei a fazer isso quase o tempo todo. Era divertido levá-lo comigo como um amigo invisível. Como eu não precisava pronunciar nada em voz alta para ele, podíamos conversar a qualquer momento, sem o risco de eu parecer louco.

Sei que soa estranho, mas foi divertido. Ele não era só uma coisa ambulante que sabia tudo sobre mim, parecia um amigo. 

Quatro meses haviam se passado, e ele ficava cada vez mais tempo comigo. Um dia, um dos pesquisadores se aproximou de mim e perguntou se eu havia parado de visualizar ele, eu neguei e ele pareceu satisfeito. Mentalmente perguntei ao Tulpa se ele sabia a razão daquilo, mas ele apenas deu de ombros.

Naquele momento passei a me desligar do mundo. Estava com dificuldades para me relacionar com as pessoas, pois me parecia que eles eram tão confusos e inseguros de si. Uma noite, um amigo me confrontou, bateu na porta até eu abrir e entrou furioso. Quando eu estava prestes a pedir desculpas meu Tulpa apareceu, furioso, e antes que eu pudesse impedi-lo gritou "Hit-lo" e quebrou o nariz de meu amigo. Até hoje me pergunto o que aquela palavra queria dizer.

Eu estava mais furioso do que jamais estivera em toda minha vida, e antes que pudesse me controlar estava brigando com meu amigo, dando fortes chutes em suas costelas, até que ele fugiu e chamou a polícia. Durante todo o tempo meu Tupa permaneceu sorrindo, e passamos a noite cantando sobre minha vitória. Ainda não havia amanhecido quando fui verificar no espelho meu olho roxo e meu lábio cortado, e lembrei-me que deveria me desligar. O Tulpa era o único culpado por meu ataque de raiva, e senti-me envergonhado por deixa-lo fazer aquilo comigo.

Expliquei no dia seguinte o ocorrido, contando inclusive que o Tulpa constantemente dizia em minha mente "Você não precisa mais dele, você não precisa de mais ninguém.", mas eles apenas riram, dizendo que não era algo possível e que eu estava com medo de minha própria imaginação. O Tulpa permaneceu o tempo todo ao lado dele, concordando com cada palavra do pesquisador. Com o passar dos dias, meu Tulpa foi ficando mais ameaçador, maior e mais presente, seus olhos brilhavam com malícia e eu via a malícia em seu sempre presente sorriso. Aquilo estava saindo de meu controle e nem todo dinheiro do mundo valia aquilo.
Eu o havia criado, então era minha responsabilidade destrui-lo. Neste ponto eu já estava tão acostumado com sua presença que invoca-lo era algo automático, portanto comecei a me esforçar para não vê-lo.

Depois de algum tempo consegui, mas cada vez que ele voltava ele estava pior, estava pálido, com os dentes afiados. A música que eu havia escutado há alguns meses parecia estar sempre atrás dele.
Mesmo no centro de pesquisa eu parei de visualiza-lo, achava que ninguém perceberia, mas depois de alguns dias dois homens me seguraram com força enquanto um terceiro homem de jaleco me espetou com uma agulha enorme. Acordei tempo depois no quarto, amarrado na cama e com a música tocando em fones de ouvido presos às minhas orelhas, meu Tulpa me olhando enquanto ria. Seus olhos nãos eram mais humanos, estavam afundados nas órbitas, seus traços pareciam retorcidos, estava mais alto e corcunda, as mãos retorcidas com unhas como garras. Tentei parar de vê-lo mas não conseguia mais me concentrar. Ele riu e bateu o IV de meu braço, fazendo com que eu me contorcesse o máximo possível estando amarrado.

"Eles estão te drogando, eu acho. Como é a sensação? Está confuso?", perguntou inclinando-se para mais perto. Eu engasguei, seu bafo era como carne podre. Tentei novamente me concentrar, mas não consegui expulsa-lo. As seguintes semanas foram terríveis, as vezes alguém entrava no quarto e me injetava algo ou me forçava uma pílula garganta abaixo, mantendo-me sempre tonto e sem foco, por vezes até alucinado, e o Tulpa estava sempre presente, zombando de mim.

Várias vezes, quando alguém entrava no quarto, eu gritava, implorava por respostas, mas ninguém nunca me respondia. Aos poucos fui me convencendo de que ele era real, e eu, uma mera ilusão. Ele me encorajava, dizendo que esta era a verdade. Uma vez, por não prestar atenção no que ele falava, ele apertou meus testículos até que eu disse que o amava, outra vez ele cortou meu braço com uma de suas garras.

Um dia, no entanto, enquanto me dizia como destruiria todos que eu amava, começando com minha irmã, ele hesitou. Ele estendeu a mão e tocou-me na cabeça, do mesmo modo que minha mãe fazia quando eu estava com febre, e disse: "Todos os pensamentos são criativos."

Ele saiu do quarto, e três horas depois furaram-me com uma agulha novamente, e desmaiei. Acordei desenfreado, tremendo e corri até a porta, encontrando-a aberta. Saí para o vazio, tropecei várias vezes mas acabei conseguindo descer as escadas e ir para o estacionamento. Lá, joguei-me no chão e me pus a chorar como uma criança, sabia que devia continuar a correr mas não conseguia. Quando cheguei em casa (não lembro como), tranquei a porta e tomei um longo banho, depois dormi por quase dois dias. Ninguém me perturbou durante dias, passei uma semana trancado no quarto, eu havia ficado tão ausente durante o experimento que ninguém sequer notou minha ausência.

A polícia foi até o centro de pesquisas, porém o encontrou vazio,  e há três dias minha mãe me ligou apavorada, dizendo que minha irmã tinha sido a mais nova vítima de uma onda de assassinatos.

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